quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Crianças brasileiras fora da escola no Japão

Se existe algo que eu admiro no Japão, é a importância que a nação dá para os estudantes. É obrigação toda criança estudar até o término do equivalente ao ginásio no Brasil. Mesmo durante a Segunda Guerra mundial, com o país arrasado, existia a prioridade da criança estudar.

Mas a comunidade brasileira no Japão sempre teve um grande problema e que se agravou muito com a crise financeira que estamos vivendo hoje. Crianças brasileiras fora da escola. Antes, os motivos eram basicamente dois:

O primeiro foi a falta de adaptação dos brasileirinhos às escolas japonesas. Acontecia preconceito e o famoso ijime que é uma espécie de tortura feita pelos outros alunos. O povo japonês, diferente do brasileiro, é muito padrão. Aquilo que falávamos no Brasil "japonês tudo igual", aqui ganha uma amplitude gigante, pois vai além apenas da aparência física. Então, um aluno com costumes diferentes no meio de um monte de "iguais", é um problema por aqui.

O segundo motivo, é o alto preço do valor da mensalidade das escolas brasileiras particulares que foram criadas. No Japão, praticamente não existem escolas particulares. As poucas que existem, são especiais e geralmente quem estuda nelas são filhos de embaixadores, executivos com passagem provisória no Japão, filhos de pessoas ricas, etc. Mas os brasileiros sentiram a necessidade da criação de escolas particulares para brasileiros no Japão. Talvez isso tenha vindo da nossa cultura brasileira de resolver o problema da educacão no Brasil, com escolas particulares. 
A construção destas escolas brasileiras no Japão, foi muito improvisada e do jeito que deu para fazer. Para a sede das escolas, foram alugados galpões velhos, casas grandes, alojamentos e até debaixo de viaduto foi construído escola. No início, pessoas que não eram professores davam aulas e até hoje não existe uma única escola brasileira no Japão, com cara de escola de verdade. Não quero desmerecer essas pessoa que fizeram estas escolas, pois reconheço o esforço delas e se não houvessem estas escolas no Japão, teríamos um problema talvez maior de evasão escolar. O valor médio da mensalidade é de cerca de US$400 por mês, inclui transporte e alimentação.
O governo japonês, não reconhece estas escolas e por isso, não oferece subsídio, dizendo que os brasileiros deveriam estudar nas escolas japonesas. Nas regiões onde existem maior concentração de brasileiros, as escolas japonesas já contam com tradutores brasileiros e aulas especiais de reforço para os alunos estrangeiros. É de graça estudar numa escola japonesa e existe apenas o custo da alimentação, que custa cerca de US$80 por mês.

Com a crise financeira e o grande número de desempregados brasileiros no Japão, muitos pais já tiraram seus filhos da escola brasileira, pois não tem como pagar. Existem alunos que ainda estão indo para a escola, mas a mensalidade está atrasada há meses. Como não existe previsão dos pais encontrarem um emprego tão cedo, é certo que em breve os poucos brasileirinhos que ainda estudam em escolas brasileiras também estarão fora da escola.

Essa mistura explosiva de ijime , má qualidade de ensino e evasão escolar já gerou resultados extremamente negativos para a comunidade brasileira no Japão. Hoje, o número de jovens delinqüentes brasileiros no Japão é alto. Foram eles quem cresceram vivendo esse problema pouco tempo atrás e hoje se sentem revoltados, mal preparados e perdidos. Algo parecido acontece na França, com os filhos de imigrantes. 

Uma bomba vai estourar!


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O caso TVD e NB Nikkey


O assunto desta semana foi a reportagem denuncia feita pela IPC TV sobre o negócio tipo pirâmide NB Nikkey. Não é a primeira vez que alguém tenta aplicar um "negócio" desses na comunidade. Há alguns anos, teve também o caso Nippon Med, que vendeu cotas para muitas pessoas e claro, todos que compraram perderam dinheiro. Os poucos que lucraram, como acontece em todo negócio tipo pirâmide, foram os que estavam na ponta da venda, os administradores "presidentes". 

O presidente deste negócio suspeito NB Nikkey, se chama Walber Fujita. Além deste, ele também é presidente de outro negócio suspeito, chamado TVD, que faz nada mais nada menos, que vender a programação da TV Globo, SBT e centenas de filmes pela internet. Até aí seria um negócio interessante, porém, ele é acusado de não ter permissão para comercializar nenhum conteúdo da TV Globo. No Japão, a única empresa que tem essa permissão legal e confirmada é a IPC TV, que é a afiliada da Rede Globo no Japão. A IPC transmite a Globo Internacional pelo canal 334 através da SkyPerfect TV via satélite. Na verdade, a IPC tem o mérito de ter sido a primeira empresa a fazer isso no mundo, ela foi pioneira e existia antes mesmo da Globo Internacional. Existe desde 1996. 

A IPC TV, eu penso que se sentindo prejudicada pelo Walber Fujita, fez 3 reportagens denunciando o caso TVD e NB Nikkey, e este foi o motivo de tanta discussão. O mais engraçado, é que na terceira reportagem, o Walber Fujita, dono presidente da NB Nikkey, diz que por trás dele, ainda existem dois outros empresários brasileiros no Japão. Diz que estão acima dela na hirarquia do negócio e cita seus nomes: Machado (tudo indica que é o da Telecall) e o Roberto, das lojas Bell Mart. Os vídeos estão abaixo.

Primeira reportagem:


Segunda reportagem:


Terceira reportagem:

Petrobras diz que vai abri postos de gasolina no Japão

Essa notícia não é tão nova para quem vive no Japão. Faz mais de um ano, que rolava um boato de que a Petrobras abriria postos de gasolina no Japão, chegaram até fazer uma cerimônia em Okinawa num lugar que seria o primeiro posto. Mas com a baixa do preço do petróleo, parecia ficar inviável tal investimento, porém, parece que eles vão investir assim mesmo. Saiu a Notícia no Estadão. 

Petrobrás investe em etanol para japoneses
Estatal adquire refinaria de olho no aumento da demanda no país

Livio Oricchio
Japão importa cerca de 500 milhões de litros de etanol por ano. O Brasil é o responsável pelo fornecimento de 380 milhões, ou 76%. Mas o planejamento estratégico do governo japonês na área de energia para os próximos dez anos, a fim, também, de atender aos compromissos assumidos no Protocolo de Kyoto, com o objetivo de reduzir a emissão de gás carbônico, projeta um potencial de consumo de 12 bilhões de litros por ano. "É um dos motivos pelos quais estamos aqui em Okinawa", afirma João Brandão, diretor da refinaria adquirida pela Petrobrás no país asiático.

Por enquanto, as instalações da empresa na cidade de Nishihara, município vizinho de Naha, a capital da Província de Okinawa, destina-se, basicamente, a atender ao mercado local com derivados de petróleo, como gasolina, diesel, óleo combustível, querosene, GLP, asfalto, dentre outros.

A possibilidade de servir como posto avançado para a comercialização de etanol, não só no Japão como no restante do continente asiático, depende mais de decisões governamentais. O que é bom para os interesses da empresa é que nunca o mundo esteve tão sensível às questões ecológicas.

Muitas medidas visando a proteger a natureza já estão em curso. No Japão, uma lei foi aprovada autorizando a adição de 3% de etanol na gasolina. E até o início do ano que vem, a Petrobrás já terá postos com sua bandeira e o combustível definido como E3 (gasolina com 3% de álcool), ainda que a recente crise financeira internacional possa atrasar um pouco o projeto, como lembra Yoichi Hashimoto, relações públicas da Nansei Sekiyu, nome da refinaria controlada pela Petrobrás.

As ações da indústria brasileira de elevar o Japão à condição de grande consumidor de etanol incluíram, há pouco mais de dois anos, a criação da Brazil-Japan Ethanol (BJE), empresa formada pela Petrobrás e a estatal japonesa Nippon Alcohol Hanbai KK, com sede em Tóquio. É o caminho inverso do que a história sempre mostrou.

Kuniyuki Terabe é o vice-presidente executivo. Sua preocupação, bem como a do presidente da Nansei Sekiyu, o nissei Osvaldo Kawakami, é mostrar aos japoneses que 46% da energia utilizada no Brasil provém de fontes renováveis, biomassa e hidráulica, enquanto no Japão não passa de 4,7%.

Companhias japonesas como as montadoras Honda e a Toyota produzem, no Brasil, veículos concebidos para operar com 100% de etanol. Com uma produção de etanol de 22 bilhões de litros ano passado e estimados 30 bilhões para 2010, o Brasil se mostra preparado para atender à eventual demanda japonesa.

"E o nosso etanol não pode ser acusado de aumentar os custos de alimento no mundo por ser derivado de cana-de-açúcar", lembra Kawakami, que faz questão de esclarecer também que "a cana não ocupa espaço de outras culturas (apenas 0,8% da área agrícola), como erroneamente se acredita, e ainda não é responsável pelo desmatamento da Amazônia".

O etanol poderá ser misturado à gasolina, ao óleo combustível usado nas termoelétricas e como substituto de nafta na indústria petroquímica. No caso do biodiesel, se o governo japonês autorizar a adição de 5%, o chamado D5, as necessidades da nação crescerão de cara para 1,8 bilhão de litros de etanol.

VANTAGENS

Uma das grandes vantagens da Brazil-Japan Ethanol é a possibilidade de acompanhar todo o processo, desde a produção do álcool na usina, no Brasil, o transporte em caminhões adequados aos portos de exportação e o embarque em navios com capacidade de 40 milhões de litros para a Coréia.

No país vizinho, o etanol é repassado para navios de 4 mil toneladas por causa das restrições dos portos japoneses. Na seqüência, vão aos tanques de estocagem e depois adequados às necessidades dos clientes antes de chegar no consumidor final. A Brazil-Japan Ethanol montou um sistema de controle da manutenção da qualidade do etanol em todo o trajeto.

"A Petrobrás não tinha nenhum ativo na Ásia e deseja internacionalizar-se. Investir aqui em Okinawa representa participar de mercados consumidores importantes e outros muito promissores, como China e Índia, bem próximos", explica Brandão. Os próprios derivados de petróleo, enquanto o esperado boom do etanol não chega, têm sido um bom negócio para a empresa"
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